UCRATE
Em
Ucrate,
A
sombra duma oliveira
Ilumina
as nossas sombras
Vindas
de longe,
Da
selva dos crustáceos
E
dos bois de trabalho,
E
um sino chama para a missa
Os
mais incautos
Dos
mais desesperados,
E
uma alvéola brinca
Num
pátio de terra batida
Pelo
calor do céu,
E
duas cabras dão uma corrida
A
ver quem ganha a erva,
E
os canitos de pedra ladram
Contra
a secura que os atormenta,
E
eu recordo-me de um mar
Maior
do que uma ermida,
E
tudo me parece vago e vivo
Como
o rosto duma virgem de calcário.
À MARGEM DE VERBO ESCURO
Desde
que me conheço
Nenhuma
graça me acontece:
O
silêncio é o meu ruído,
O
passado, futuro que anoitece.
A
PAZ E O SOSSEGO
Não
me tirem
A
cafeína dos versos
Nem
a alegria
Das
primeiras impressões.
Houve
um tempo
Quente
e frio,
A
nortada dos desejos,
Revoada
de estorninhos.
Houve
um espaço
Aberto
à luz
Da
cal
E
da palha face à bruma.
Não
me tirem
O
sono leve
Das
noites férteis
Em
sonhos meridianos.
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