(Foto de Maria Olívia Santos)
A enchente da cidade da
água
com o Nuno Rebocho, em
Moura
Um
pássaro reza frente ao rio Ardila.
O
grande olho da noite
surge
por entre quem sobrevive à enchente.
A
água regenera o solo
como
a ferida de um gato.
Queimado
pelo ar
o
pescador confessa que a água embebeda.
A
paisagem púrpura
trabalha
ao longo dos dias
para
que o ofício de incêndio seja reluzente.
Há
uma relação demorada
entre
o aparelho da terra
e
a nascente das águas.
É
um conjunto que tolda madeira, sangrando.
A
grande maioria das constelações são escarlates
têm
uma força maior
enriquecem
o pavor
de
todas as coisas terrestres.
A
carne sendo única
contrasta
com os anéis do abismo.
E
a terra, por fim
perde
a inocência
quando se criam palavras
e
se ouvem nos campos a caminho de Moura.
Sacrificando-se
perante a loucura
do
clarão que inunda.
(inédito,
2002)
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