segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Dois poemas de H. P. Lovecraft

 

Silhueta de HPL por Perry (1925)




            ESTRELA VESPERTINA

 

  Dum lugar ermo e silencioso a contemplei

  Lá onde o velho bosque   em parte  oculta a planície.

  Brilhava no meio dum glorioso crepúsculo – debilmente

  A princípio, depois a pouco e pouco com mais força.

 

  E a noite veio, e o farol ambarino e solitário

  Feriu meus olhos como nunca havia feito;

  Um astro vespertino, mas mil vezes

  Mais espectral nesses silêncio e solidão.

 

  Traçou estranhas figuras no ar tremeluzente –

  Meias recordações que sempre em mim tinham estado –

  Vastas torres e jardins, curiosos céus e mares

  De alguma obscura vida – nunca eu soube de aonde.

 

  E agora compreendo que lá na abóbada celeste

  Esses raios me chamavam do lar incerto e remoto.

 

 

           CONTINUIDADE

 

   Há em certas coisas antigas um vestígio

   De nebulosa essência, além do peso e forma;

   Um éter subtil, indefinido

   Ligado às leis do tempo e do espaço.

 

   Um débil, velado signo de sequências

   Que os olhos de fora descobrir não conseguem;

   Suas cerradas dimensões – onde os anos idos se acoitam

   Só por secretas chaves se devassam.

 

   Comovo-me quando os raios do sol ao entardecer

   Alumiam as velhas casas da quinta frente ao monte

   Colorindo de vida as formas que perduram

   De séculos mais reais que este que conhecemos.

 

   E nessa estranha luz sinto que não estou longe

   Dessa massa imutável em que as faces são as épocas

 

                                                                           (Tradução de ns)


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