segunda-feira, 1 de junho de 2020

Do Caderno de Notas do Dr. Jagodes






MARCELO ON THE ROCKS

  Segundo pude colher em certas opiniões de diversas pessoas, Marcelo Rebelo de Sousa é um homem muito inteligente, excelente professor e intelectual com todas as qualidades. Da perspicácia à desenvoltura.
  No capítulo da política, nomeadamente na “politique d’abord” acham-no contudo ser, embora com afabilidade, um exemplo típico de entertainer no ramo da sociologia-política-comunicação por excelência. Asseveram-me que é o grande talento a que têm direito, como sói dizer-se, os secundários, assim como os primários e derivados têm o Malato, o simpático fornido Mendes e a estimada e dinâmica Cristina Ferreira.

  Embora sem acinte, consideram que só num país deflacionado é que Marcelo, digamos assim, ainda que sincero e muito honesto tem podido aparecer como figura politica nec plus ultra e ter atingido a qualidade de esmerado Presidente desta república, desculpem, assim um pouco às três pancadas.
  O nosso Marcelinho, como é carinhosamente conhecido pelas crianças e Marcelão pelos adolescentes, nos mentideros em geral e pela nação em particular, daria dest’arte o índice real de "democracia condicionada e apenas tendencial" ao país em que vivemos. (Por outras palavras deles, uma república de truques e de manobrinhas).

  Ele a mim não me parece ser - com licença da mesa e com o inerente respeitinho, como poetava o O’Neill - um pouco… manobrador, com as suas pancadinhas nas omoplatas do poviléu, as suas declarações de que somos os melhores em tudo, as suas adoráveis selfies que singularizam um invólucro de… estadista. Admito poder estar enganado, mas tenho para mim que as suas simpáticas aparições nos lugares mais expressos da nossa praça são absolutamente outra coisa! Se não, vejamos: MRS obviamente não é movido, ao contrário de outros famosos, pelo apego ao dinheiro vultuoso, pois é claramente um homem desprendido de baixas materialidades. Nem o creio movido pelo desejo infrene de Poder, como é o caso de, talvez, o senhor doutor António Costa. Se formos a ver, o senhor presidente até não manda nada, ao contrário deste último, que é quem manda tudo. Marcelo, em resumo, o que me parece agradar-lhe sim e nisso se limita e lhe bastará, é existir como numa perpétua festa de casório, com as pessoas todas bem-dispostas e bem enfarpeladas, num ambiente de agradável convívio amigável.

    O nosso presidente, arguto como é, creio que percebeu bem os anseios populares. Cansados de vários anos a encararem um presidente taciturno, muito formal, ligeiramente hirto como era o senhor professor Cavaco, MRS entendeu que os cidadãos precisavam de cordialidade e boas palavras. Mais que de benesses económicas, que são sempre difíceis de atingir numa república deste calibre, tinham fome de carinho oficial e institucional!
   E é isso o que o mais alto, actualmente, magistrado da nação lhes tem dado, com praticamente comum satisfação. Do povinho e palpito dele mesmo.
   Como já o Eça notara, o suave português sempre gostou da boa paz habitual, de viver habitualmente como outro especialista referia, da lhaneza de trato natural – e é isso que tem colhido do Presidente que o destino, sempre clarividente, lhe forneceu e de certezinha lhe irá continuar a fornecer porque, como se diz nos discursos públicos em geral, é esta a sua maneira pessoal de estar na vida.
   Na vida vidinha, como o grande filósofo-lírico Teodoro Rabejana gosta de dizer no seu inspirado verbo…!

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