Eu e os bigodes dele
Tentei tudo. Juro
pelas alminhas…!
Baseado naquela
velha e renomada frase bem portuguesa, com incidências nos tempos tradicionais
em que os homens, a boa rapaziada, se reuniam nas tascas para uma bisca lambida
no fim de um dia de trabalho (“Vamos
dar-lhes um bigode?”) usando o Paint e uma foto colhida numa folha-de-couve
da capital – tentei tudo, literalmente, para fazer parecer ridículo o nosso primeiro-ministro.
Mas falhei,
confesso-o com humildade.
A minha confessada
intenção, militante e faceta, era ajudar a derribá-lo pelo riso, ajudar a que nos
próximos tempos as pessoas o rejeitem, vendo-o tão cómico, tão apalhaçado, tão caricato.
O riso, como se
sabe, é uma arma poderosa.
E vai daí, lá me
esforcei eu plasticamente. Primeiro pus-lhe um bigodinho à Hitler. Ná, não
resultava. Depois desenhei-lhe uma bigodaça à Stalin. Nada feito. A seguir,
pus-lhe um bigode à mexicano de opereta e guitarrada, daqueles que no fim das
cantorias dizem sempre com trémolos na voz “mi
corazón, dling dlong”. Nicles.
O nosso primeiro,
honra lhe seja, possui a meu ver um rosto singularmente nobre, austero apesar
de se rir muito (nos melhores momentos lá na estranja e também cá dentro) é o
rosto dum homem determinado, corajoso, claramente amantíssimo do seu país.
Um rosto que,
representando digamos o seu espírito, se impõe pela positiva a quem o observa.
Lê-se nele uma alta qualidade moral e profissional. De cavalheiro capaz de
derribar muros, mesmo os mais sinistros!
O que os seus
pares da Europa têm notado e não se cansam de sublinhar.
Eu bem quis extrair
da sua fotografia, com pequenos toques gráficos, o que de circense pudesse
haver nele enquanto político.
Não consegui.
Frustrado,
desisti.
E só para não
deixar totalmente os meus créditos por mãos alheias é que lhe desenhei, ainda
que mal, um bigodinho à Poirot.
O resultado é o
que aqui está.
Se falhei, devo-o
a mim mesmo. Não ao perfil de estátua ou de medalha deste homem de singular
valor que a Pátria um dia reconhecerá como um dos seus maiores.
E o resto é
conversa…
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