terça-feira, 17 de maio de 2022

PÓRTICO

 

Eu e os bigodes dele




   Tentei tudo. Juro pelas alminhas…!

   Baseado naquela velha e renomada frase bem portuguesa, com incidências nos tempos tradicionais em que os homens, a boa rapaziada, se reuniam nas tascas para uma bisca lambida no fim de um dia de trabalho (“Vamos dar-lhes um bigode?”) usando o Paint e uma foto colhida numa folha-de-couve da capital – tentei tudo, literalmente, para fazer parecer ridículo o nosso primeiro-ministro.

   Mas falhei, confesso-o com humildade.

   A minha confessada intenção, militante e faceta, era ajudar a derribá-lo pelo riso, ajudar a que nos próximos tempos as pessoas o rejeitem, vendo-o tão cómico, tão apalhaçado, tão caricato.

  O riso, como se sabe, é uma arma poderosa.

  E vai daí, lá me esforcei eu plasticamente. Primeiro pus-lhe um bigodinho à Hitler. Ná, não resultava. Depois desenhei-lhe uma bigodaça à Stalin. Nada feito. A seguir, pus-lhe um bigode à mexicano de opereta e guitarrada, daqueles que no fim das cantorias dizem sempre com trémolos na voz “mi corazón, dling dlong”. Nicles.

  O nosso primeiro, honra lhe seja, possui a meu ver um rosto singularmente nobre, austero apesar de se rir muito (nos melhores momentos lá na estranja e também cá dentro) é o rosto dum homem determinado, corajoso, claramente amantíssimo do seu país.

  Um rosto que, representando digamos o seu espírito, se impõe pela positiva a quem o observa. Lê-se nele uma alta qualidade moral e profissional. De cavalheiro capaz de derribar muros, mesmo os mais sinistros!

   O que os seus pares da Europa têm notado e não se cansam de sublinhar.

   Eu bem quis extrair da sua fotografia, com pequenos toques gráficos, o que de circense pudesse haver nele enquanto político.

   Não consegui.

   Frustrado, desisti.

   E só para não deixar totalmente os meus créditos por mãos alheias é que lhe desenhei, ainda que mal, um bigodinho à Poirot.

   O resultado é o que aqui está.

   Se falhei, devo-o a mim mesmo. Não ao perfil de estátua ou de medalha deste homem de singular valor que a Pátria um dia reconhecerá como um dos seus maiores.

   E o resto é conversa…

ns

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