ns
MIL
NOVECENTOS E SESSENTA
De
repente, nas escuras balaustradas, um rosto,
um
lírio cortado frente ao pôr do sol de cristal,
um
martim-pescador abatido no vão da escada,
mãos
que tremem como a noite gelada.
Na
ponta dos pés voltando no meio da noite,
na
ponta dos pés, o amor de
quinze
anos.
Carros
pretos passam com um sussurro de sedas
na
quente noite dos mambos, arroxeado
sacrifício
para
a escuridão azul das pistas de baile!
Com
um gravado no peito, com um gravado nos lábios,
com
uma rosa nas mãos,
Paul
Anka canta como a chuva no escuro de setembro.
A
estação de névoa e as destruições
abate
galerias envidraçadas, presentes da água e da noite, sereias
como
cálices de espuma.
Como
um farfalhar de saias, oh minha doce senhorita.
Ainda
assim, o meu avô vai ler Vermelho e Preto no final do corredor,
vendo
o jardim sombrio pingar atrás dos vidros
enevoados.
Esta
voz é a sua. Que humidade, que silêncio.
Alguém
me dá a mão e é a sacada, o grito dos andorinhões,
os
carros eléctricos dourados no crepúsculo cerrado,
o
fantasma de Robert Taylor como a morte nos cinemas,
as
maçãs do rosto das meninas do Instituto com as suas pastas
debaixo
do braço e os seus sorrisos, e dir-se-ia que todas têm
os
olhos azuis.
(Tradução ns)
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