ns
À VOZ DE KATHLEEN FERRIER
Toda a doçura toda a ironia se assemelhavam
Por um adeus de cristal e de bruma,
Os golpes profundos do ferro eram quase silêncio,
Velada se volvia a luz da espada.
Celebro a voz mesclada de cor cinza
Que hesita na distância do canto que se perdeu
Como se para além de qualquer forma pura
Tremesse um outro canto e o único absoluto.
Oh luz e negação da luz, oh lágrimas
Sorridentes mais alto que a angústia ou a esperança,
Oh cisne, lugar real na irreal água sombria,
Oh fonte, quando anoiteceu profundamente!
Parece que conheces as duas margens,
A alegria extrema e a extrema dor.
Lá, entre estas canas cinzentas na luz,
Parece ser aí que atinges o eterno.
VIII
Abro os
olhos, é sem dúvida a casa paterna,
É mesmo
aquela que foi e nada mais.
A mesma
pequena sala de jantar cuja janela
Dá para um
pessegueiro que não cresce.
Um homem e
uma mulher sentaram-se
Diante
desta janela de sacada, face a face,
Dirigem-se
a palavra, uma vez. A criança
Vê-os do
fundo do jardim, olha para eles,
Ele sabe
que se pode nascer destas palavras.
Por detrás
dos pais a sala está sombria.
O homem
acaba de regressar do trabalho. A fadiga
Que foi a
única auréola dos gestos
Que foi
dado entrever ao seu filho
Separa-o já desta margem.
(Tradução de Luís Serrano)
Sem comentários:
Enviar um comentário